Mulheres judias imigrantes reuniram-se em 1923 para resolver a fundação de uma associação beneficente de ajuda a outras mulheres judias imigrantes que chegavam continuamente ao Rio de Janeiro. As primeiras Damas, prov. 1925

Capa da revista comemorativa pelos 100 anos da Sociedade Beneficente das Damas Israelitas do Rio de Janeiro – Froien Farain

Mulheres solidárias: uma rede tecida a muitas mãos 

Os 100 anos do Froien Farain contam várias histórias. Registrar essas histórias em uma publicação comemorativa é também registrar a Memória da comunidade judaica do Rio de Janeiro e do Brasil. A publicação bilingue (português e inglês), lançada em 25 de agosto de 2024, mostra que as ativistas do Froien Farain são hoje, individual e coletivamente, um elo importante na herança e tradição judaicas de solidariedade e participação das mulheres.

O Brasil havia acabado de comemorar seus 100 anos de independência e a jovem República, livre da escravidão, reorganizava sua sociedade, com mais integração e liberdade religiosa. Na capital federal, novos edifícios públicos e privados transformavam o Rio na Cidade Maravilhosa e o fluxo migratório se intensificava, com a chegada de navios trazendo imigrantes de todo o mundo, dentre eles um número considerável de imigrantes judeus do Leste europeu. Neste contexto, mulheres judias imigrantes, reunidas pela primeira vez em 1923, se organizaram em uma sociedade e fundaram, em 1924, o Froien Farain (Sociedade das Damas Israelitas). Seus esforços estavam voltados inicialmente para ajudar moças judias em estado de vulnerabilidade e, posteriormente, garantir a subsistência e integração das novas gerações de imigrantes e brasileiros.

O conceito editorial, desenvolvido com as ativistas do Froien Farain, vai além de um relato da história da instituição. A publicação apresenta como o trabalho comunitário de ajuda ao próximo realizado dentro da comunidade judaica no início do século 20 é indissociável da Memória da Cidade do Rio de Janeiro e da presença feminina nas instituições brasileiras. As muitas histórias individuais e coletivas, que tecem a rede de solidariedade da comunidade judaica do Rio, revelam como muitas outras instituições judaicas de assistência foram idealizadas, quando não fundadas, pelas Damas Israelitas.