A leitura da parashá desta semana, Pinchás, chamou minha atenção para a dualidade moral e circunstancial do nosso julgamento: Pinchás é recompensado com a honra do sacerdócio eterno para sua família por um assassinato. No mundo de hoje, não conseguimos nos relacionar com esse fato. As filhas de Tselofchad são beneficiadas com a herança de seu pai. Elas procuram Moisés que vai a Deus se consultar. E Deus acha justo que elas, na ausência de um varão, recebam a herança. Deus estabelece assim esta lei com que hoje conseguimos nos relacionar muito bem. Um sinal de que nossa aproximação ao texto da Torá está atrelada ao nosso tempo e ao nosso espaço. Um judeu que tenha lido esta parashá no ano 230, em uma cultura machista e fechada, pode justo ter achado o oposto de nós aqui hoje:, uma afronta o direito das filhas de Tselofchad e muito justa a “passada de mão na cabeça” de Pinchás. Intrigado, fui à haftará. Geralmente de um profeta, a haftará amarra a parashá da semana, por uma conclusão explícita ou apenas pela menção de uma ou outra palavra que se relaciona ao texto. Para...